quinta-feira, 14 de março de 2024

A União Europeia distrai-se a regular a tecnologia, os USA a desenvolvê-la

A União Europeia diz que é a primeira a regular a Inteligência Artificial.

Quando dizem "regular" estão de facto a proibir a sua utilização num conjunto muito vasto de aplicações importantes para aumentar a riqueza, nomeadamente, na identificação biométrica.

Por exemplo, o sistema de validação dos passageiros dos transportes públicos (comboio, autocarros, metropolitano) deveria ser feito por reconhecimento facial, deixando de haver esquecimentos e enganos e podendo haver um serviço muito mais personalizado, semelhante às portagens da autoestrada.

Assim que a pessoa entra e, depois, sai no comboio é registado o local de entrada e saída e calculado o preço do serviço que será descontado no cartão do passageiro em função das suas características pessoas (por exemplo, desconto em razão da idade e rendimento ou por ser um passageiro habitual).

Podia mesmo acabar a assinatura mensal fazendo o preço dependente de forma decrescente com os quilómetros percorridos.


Em vez de regular, deveríamos criar.

O crescimento económico do PIB per capita da UE referente aos últimos 40 anos é o mesmo o mesmo,  +1.7%/ano, o problema é que nós europeus criamos apenas 55% da riqueza criada nos USA.

São 40 anos em que a UE "tem estado na vanguarda da luta pela regulação do perigo das inovações radicais" mas esse esforço só nos tem mantido na pobreza. 

PIB per capita da UE relativamente aos USA (dados, Banco Mundial)


Isto vem a propósito dos problemas na Saúde.

O problema da Saúde em Portugal não está em ser um serviço público ou privado. Se o serviço é privado mas pago pelo Estado, mantém-se o problema das limitações na despesa levarem, invariavelmente, à degradação da qualidade.

A solução está em melhorar as decisões tomadas pelos pacientes, saberem se o caso obriga a uma consulta médica de urgência ou a apenas um paracetamol e um bom agasalho.

Também não se compreende que pessoas sem problemas de saúde, que apenas precisam uma ou duas consultas  de rotina por ano, não tenham médico de família atribuído. Bastaria um médico por cada 3000 pacientes!

E uma boa decisão apenas é tomada se houver incentivos (e desincentivos) de que a "taxa moderadora" foi uma boa ideia que os esquerdistas destruíram.


 

quarta-feira, 13 de março de 2024

ULTIMA HORA = AFINAL, O PS GANHOU AS ELEIÇÕES

 Fiquei chocado com o que acabei de descobrir!

Até agora, a AD teve 79 deputados e o PS ficou com 77 deputados, estando a AD à frente do PS.

Agora imaginemos que no próximo dia 20, quando saírem os resultados da emigração, o PS tem 2 deputados, a AD 1 deputado e o CHEGA 1 deputado.

Nesse caso, a AD fica com 80 deputados, ainda à frente do PS com 79 deputados.


O problema está no par. 2.º do art.º 22.º da Lei Eleitoral (Lei n.º 14/79, de 16 de Maio)

É que "As coligações deixam de existir logo que for tornado público o resultado definitivo das eleições..."

Quer isto dizer que, logo que for publicado no Diário da República "o resultado definitivo das eleições", a AD acaba e o PSD fica com 78 deputados (porque o CDS fica com 2 deputados), menos do que o número de deputados do PS!!!!!!!!!


Uma bota difícil de descalçar.

Vai ser pior do que em 2015, a AD ganhou mas o PSD perdeu.

O que será que o Marcelo vai fazer? Tem de indigitar o Pedro Nuno!

Será que o Pedro Nuno anda a dizer que se abstém se a AD formar governo porque antecipa que vai ser ele o indigitado para formar governo e quer reciprocidade?

Montenegro, estás fodido, venha o Passos.

Mesmo considerando as coligações, a AD perdeu face ao PS.

É que a AD só existiu no "Continente", sendo que outra coligação, PSD+CDS, elegeu 3 deputados na Ilha da Madeira.

Resultados eleitorais sem os 4 deputados da emigração (imagem ligeiramente manipulada)




segunda-feira, 11 de março de 2024

A previsão com base nas 24 sondagens esteve quase perfeita

Hoje é o dia "depois das eleições" e é tempo de fazer contas.

Como sabem, ao longo das semanas fui construindo intervalos prováveis para os resultados eleitorais das legislativas do dias 10 de Março de 2024 a partir das sondagens que foram sendo publicadas.

Como referi, as minhas colegas da estatística são totalmente contrárias à minha metodologia, dizem elas que o que eu faço não é estatística, é uma coisa qualquer que elas não compreendem mas que está errada. Em alternativa, nada são capazes de fazer porque "os resultados eleitorais são parâmetros e  um parâmetro, não é uma variável aleatória" (muitos dos leitores ouviram esta conversa nas aulas de Econometria e de Estatística".

Interessante que, quando as pessoas não sabem, não compreendem, não procuram estudar e compreender, atiram logo com a assumpção de que os outros estão errados!!!!

Fig. 1 - O CHEGA tem de matar o bicho já


Vamos então à comparação entre as previsões e a realidade.

Chegou agora a hora de fazer o balanço, comparando as minhas previsões com os resultados eleitorais reais. Essa avaliação terá de ser actualizada daqui a 15 dias porque ainda não sei os resultados da emigração.

Fig. 2 - Comparação entre as sondagens, minhas previsões de deputados e os resultados das legislativas de 10 de Março de 2024

O maior erro de previsão foi de 2 deputados.

A AD e o PS estiveram dentro da margem de previsão de +-3 deputados. Mesmo ainda faltando atribuir 4 deputados, continuarão a cair dentro da margem de previsão.

Considerando o intervalo entre o valor de confiança, em termos de deputados, o erro maior foi no CHEGA que teve mais 2 deputados (o melhor cenário previsto indicava 46 deputados e teve 48 deputados) e no Bloco de Esquerda que teve menos 2 deputados (o pior cenário previsto indicava 9 deputados e teve 5 deputados).

A iniciativa Liberal foi, nas previsões do seu chefe, uma desilusão (pensava que iria ter pelo menos 12 deputados) mas o erro foi de apenas menos 1 deputado (o pior cenário previsto indicava 9 deputados e teve 8 deputados).

O Livre e o PAN conseguiram ficar 1 deputado acima do melhor cenário previsto.


A esquerda ganhou à direita (AD+IL) por 4 deputados.

Esta questão ficou, com as sondagens, dentro da margem de erro, disse eu que o resultado seria "moeda ao ar". E assim foi, calhou a "vitória" para a esquerda com 91 deputados contra os 87 deputados da AD+IL.


Posso dizer que acertei e que, por isso, não houve surpresas na noite eleitoral.

Acertei eu e acertaram as sondagens como um todo mas erraram todos os analistas que procuraram uma leitura individualizada de cada sondagem e interpretar tendências que nunca existiram.

As sondagens têm de ser compreendidas como um fenómeno da Ciência da Informação e não ser reduzida a uma discussão sobre médias e desvios padrão.


Em 2015 eu avisei o PCP de que apoiar o PS era suicídio.

Quando em 2015 o Passos Coelho teve 108 deputados (a AD teve agora 80 deputados !!!!!!), o PCP (com 17 deputados) e o BE (com 19 deputados) correram para os braços do Costa que, com 89 deputados, formou governo.

Decorridos 9 anos, o PCP está reduzido a 4 deputados e o BE a 5 deputados, perdendo 3 em cada 4 deputados que tinham (de um total de 36 deputados para 9 deputados).

Eu avisei-os que a esquerda radical deixaria de fazer sentido se apoiassem o governo do PS. É que os radicais precisam de inimigos para poderem singrar.

Não me quiseram ouvir, f...deram-se ao comprido.


E como será o futuro?

O governo do Montenegro não tem qualquer futuro porque não lhe basta a abstenção do CHEGA porque a esquerda (PS+BE+PCP+Livre+PAN) tem mais 4 deputados do que a AD+IL. 

Mesmo que a esquerda não se una ao CHEGA numa moção de censura, a Assembleia da República não vai funcionar porque, mesmo na melhor das hipóteses para o Montenegro, haverá chumbo a todas as propostas do governo com os votos contra da esquerda e a abstenção do CHEGA.


Mas o CHEGA tem de matar já o dragão para sobreviver.

Está tudo dependente do que o CHEGA fizer nos Açores.

Se o chefe do CHEGA nos Açores chumbar o Bolieiro em cumprimento da afirmação de que "está disponível para viabilizar Governo regional se integrar o executivo e se ficarem de fora os líderes de CDS e PPM, porque a «última experiência foi má demais»" (Observador), o Montenegro toma consciência de que não tem quaisquer condições para formar governo. Vai à sua vida e o Marcelo tem de descalçar a bota.

O Marcelo ou aceita o Pedro Passos Coelho ou fica lá o Costa em gestão até daqui a 6 meses, quando  pode dissolver a Assembleia da República e marcar novas eleições.

Se o CHEGA deixar cair a ameaça e deixar passar o Bolieiro,  o Montenegro pode formar governo mas, neste caso, o CHEGA, torna-se um dragão de papel, um cão que ladra mas que não morde. TEnho a certeza de que os votantes do CHEGA querem que o Ventura deite abaixo o Montenegro e que avance com o nome de Pedro Passos Coelho. 

Mesmo no cenário de abstenção do CHEGA, o Orçamento de Estado de 2025 não vai passar (porque a esquerda tem mais deputados que a AD+IL) e o governo vai cair. 


Da mesma forma que avisei os esquerdistas em 2015, aviso-te CHEGA de que  é um suicídio.

O Chega é um comboio em marcha que, se parar, corre o risco de não mais arrancar. 

Se o CHEGA deixar o combate mesmo e abandonar as propostas sem sentido (ninguém quer saber), vai deixar arrefecer a dinâmica de vitória e nas próximas eleições vai-lhe acontecer o mesmo que aconteceu ao PRD que em 1985 teve 45 deputados para, depois de 2 anos a apoiar o PSD com abstenções, cair para 7 deputados em 1987 (e desaparecer em 1991).


Qual o argumento para o CHEGA chumbar o Montenegro?

Lembram-se da frase dita em directo em 2022 pelo presidente do CDS "Uma esquadrão de cavalaria à desfilada na sua cabeça não esbarra contra uma ideia, André Ventura"?

Sabem que na sede de campanha da AD, na noite das eleições censuraram a declaração de vitória do André Ventura?

Se o Ventura tem coluna vertebral, isto não tem perdão.

Desta forma, avançam com o mesmo argumento usado pelo José Pacheco nos Açores, "O CDS e o PPM foram muito indelicado para com o CHEGA e, por isso, não podem fazer parte do governo".

Fig. 3 - Ventura amigo, se deixas o Montenegro passar, vai-te acontecer o mesmo que aos PCP e BE


A IL sofreu uma derrota de longo prazo.

A IL elegeu um deputado em 2019 e, numa dinâmica de crescimento, elegeu 8 deputados em 2022.

Decorridos 2 anos, com muito mais espaço mediático, se o seu programa estivesse a cativar "clientes", seria obrigatório ter agora mais deputados mas manteve.

Isto traduz que as ideias chegaram as mais pessoas, aos eleitores distraídos, mas não conseguiram convence-lo. Como as ideias não estão a entrar no "eleitorado distraído", a IL está condenada a ser um partido de nicho, juntando-se ao BE, PCP, PAN e LIVRE.

PRevejo que a IL vai seguir o caminho do BE que, entre 1999 e 2019 parecia que estava numa subida imparável e, no entretanto, caiu rapidamente para a irrelevância.

Fig. 4 - Evolução do número de deputados do Bloco de Esquerda


quinta-feira, 7 de março de 2024

A previsão dos resultados eleitorais com 24 sondagens e 21470 respostas

Hoje foi publicada a última das sondagens.

(Actualizei com a sondagem da Euronews)

No total (excluindo a tracking pool da TVI), desde a demissão do António Costa, foram publicadas 24 sondagens que, no seu conjunto, tiveram 21470 respostas válidas.

A diferença entre a AD e o PS parece estar a subir ao longo da campanha eleitoral e, com as 24 sondagens, o teste WLS diz que é estatisticamente significativa a 5%. 


Sendo assim, juntar todas as sondagens vai, com 5% de probabilidade, "prejudicar" a AD.


Juntando todas as sondagens, os deputados eleitos serão os seguintes:


A AD está um bocadinho à frente, na ordem dos 5 deputados, sendo quase certo que vai a ter mais deputados que o PS. 

A melhoria da AD relativamente a 2022 não está no aumento significativo do número de deputados que vai ter mas antes por o PS afundar, perdendo 40 deputados que, numericamente, vão quase todos para o CHEGA.


É quase certo que a AD ter mais deputados do que o PS

Só para recordar, o Montenegro só aceita ser primeiro-ministro se ganhar ao PS e a probabilidade de esta condição se verificar é muito grande.

Se há um mês as sondagens indicavam que estas condição não se deveria verificar, agora, com mais dados, é quase certo que a AD vai ganhar.


Considerando apenas as últimas sondagens a AD+IL vai ter mais deputados do que a Esquerda

Esta é a segunda condição para o Montenegro poder ser primeiro ministro, a coligação entre a AD+IL tem de ter mais deputados que a Esquerda junta para, na eventualidade de o CHEGA se abster, o Orçamento de Estado passar no próximo Outubro.

Pode acontecer mas não é certeza (considerando todas as sondagens, é moeda ao ar). 


Esta minha previsão vão ser avaliadas no próximo Domingo.

Apesar dos mesmos resultados estarem dependentes da qualidade das sondagens, nada indica que não tenham sido bem feitas. Então, Domingo à noite a minha metodologia vai estar em julgamento!

Agora, é só esperar pela realidade.



Como é o último post sobre as previsões, vou mostrar as sondagens que usei.



quarta-feira, 6 de março de 2024

Qual a lógica de Portugal ter de crescer mais do que os restantes países da União europeia?

Portugal não é um dos países mais ricos da União Europeia.

Na primeira metade da década de 1960 tínhamos um PIB per capita de 39% da média da UE e atingimos um máximo de 70% em 1999 (quando entramos no Euro). Desde então, temos estado a divergir da UE, estando actualmente nos 63% (uma queda de 0.3 ponto por ano).

Estranhamente, ou talvez não, Portugal apenas melhorou durante a ditadura do Estado Novo e a "ditadura" do Cavaco Silva.

Como estamos na década da Ideologia da Igualdade, sendo os portugueses tão pessoas como as restantes pessoas da União Europeia, pensamos que temos direito a ser tão ricos como a média dos demais.

Fig. 1 - Evolução do PIB per capita português em comparação com a média na União Europeia


Todos os governos anunciam que "Vamos crescer mais do que a UE".

Mas no fim, olhamos para os dados do Banco Mundial, e estamos cada vez mais distantes (tirando o tempo das "ditaduras").

Nesta campanha eleitoral não é diferente. 

A AD acredita que vamos crescer 3.4%/ano porque "Precisamos crescer 3.4%/ano para nos tornarmos mais ricos" (mas não diz como é possível que esse desejo se possa concretizar, é apenas uma necessidade).

O PS é mais conservador e acredita que o crescimento vai ser 2.0%/ano (nos 8 anos de Costa, o crescimento do PIB per capita foi de 2.1%/ano). 

Mas a questão que coloco é:

 

Porque razão estamos "condenados" a crescer mais do que a UE?

A ideologia da igualdade diz que os países mais pobres têm tendência a crescer mais do que os países mais ricos porque há transferência de tecnologia. É a teoria do Catch-up.

O problema desta teoria é que, apesar de ter lógica, não tem correspondência visível com a realidade. Olhando para a figura seguinte, há muita oscilação em torno do valor médio mundial que é 2.9%/ano.


Mesmo que haja convergência para cima, devemo-nos comparar com os semelhantes.

E se compararmos o nosso crescimento do PIB pc de 1.8%/ano (ponto vermelho) com o dos países semelhantes do nosso (PIB pc entre 18000 e 24000 USD), estes têm um crescimento médio de 1,2%/ano (traço a preto), abaixo do nosso.

Então, como o nosso crescimento de 1.8%/ao está acima da média para o nosso nível de desenvolvimento, é muito difícil que passe para o ambicionado pela AD de 3.4%/ano. 

Relação entre o crescimento económico e o grau de desenvolvimento do pais (Dados, Banco Mundial,  PIBpc $ de 2015, 210 países que somam 99.2% da população mundial, média da década 2013-2022)

Mas é campanha eleitoral e ninguém leva a mal.

Eu apostava mais nos 2.0%/ano do PS mas eu não estou ao nível dos génios, professores catedráticos de economia que avançaram com esse 3.4%/ano.


segunda-feira, 4 de março de 2024

O que dizem as 21 sondagens legislativas?

A primeira coisa que dizem é que o PS e a AD não saem da cepa torta.

Pegando em todas as 21 sondagens, a AD está à frente em 12 (+3.5 pp) e o PS está à frente em 9 (+4.5 pp). Juntando todas as sondagens e excluindo a abstenção e os partidos que não elegem deputados, temos a AD com 31.0% e o PS com 30.6% das intenções de voto.

Mais empatados não poderiam estar.

As 21 sondagens somam 17462 respostas e, pela dimensão, os resultados são robustos (se forem estacionários).


Mas consta que a AD está com uma dinâmica de vitória!

Pois, mas vou mostrar os dados na forma de um gráfico para verem que tal comentário não corresponde à verdade. Umas vezes, a AD está à frente e, outras vezes, o PS está à frente.

Tenstando a tendência (variável x) da diferenção entre a AD e o PS, em termos médios está a subir um poucochinho (3 pp no total das sondagens), mas essa tendência não é estatísticamente significativa: 

                     Estimate Std. Error    t value  Pr(>|t|)

Intercept       -1.28       2.16            -0.59    56.1%

tendencia       0.15       0.17              0.91    37.4%

Se somarmos as vezes em que a AD está à frente e subtrairmos as vezes que o PS está à frente, existe uma vantagem da AD existe mas é de apenas 4 décimas (31.0% contra 30.6%), uma oscilação própria da aleatoriedade do processo de amostragem.

Comparação das intenções de voto na AD e no PS em 21 sondagens.


Os resultados centrais com todas as sondagens.

A ligação entre percentagens nacionais e o número de deputados não é directa por causa dos círculos eleitorais (Para eleger um deputados é suficiente ter pouco mais de 2% no círculo de Lisboa mas é necessário ter mais de 25% para eleger um deputado no círculo de Bragança) mas, a regularidade estatística permite estimar o número total principalmente para os grandes partidos.

Percentagens e deputados compatíveis com as 21 sondagens


O camarada Cassete Cunhal vai dar voltas no túmulo.


O Montenegro não vai conseguir ter melhores resultados que o Rui Banana Rio.

A minha estimativa a partir das sondagens indica que a AD vai ter entre 78 e 84 deputados e o PS vai ter entre 76 e 82 deputados (grau de confiança de 99%).

Tanto pode ganhar a AD como o PS mas vão estar ambos muito próximo de 80 deputados.

Comparando com 2022, a AD mantém aproximadamente o mesmo número de deputado do Rio e o PS perde 40 deputados. 


Nunca um partido perdeu tão rápido a maioria absoluta (nem a oposição ganhou com tão pouco).

Quando o Cavaco saiu em 1995, o PSD mais o CDS conseguiram 103 deputados. Agora, o PS vai ficar-se pelos 80 mais ou menos qualquer coisa.

Também a AD, a ganhar, vai ter o pior resultado de sempre na vitória. Mesmo o PS do Costa, na sua derrota de 2015, teve 88 deputados e agora a AD vai ficar pelos 80 mais ou menos qualquer coisinha.


Não sei se haverá mais sondagens.

É provável que ainda saia mais uma sondagem ou outra mas vai ficar tudo na mesma.

Podemos contar com uma claríssima maioria absoluta da "AD+IL+CHEGA" (à volta de 125 deputados) mas muitas dificuldades para a "AD+IL" poder formar governo (à volta de 92 deputados).




quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Estive à espera da 20.ª sondagem

A AD e o PS continuam estatisticamente empatados mas agora com vantagem para a AD.

Em termos descritivos, nas primeiras 10 primeiras sondagens o PS mostrou mais intenções de voto (30,6% contra 29,7%) e nas últimas 10 sondagens, o PS passou a estar atrás da AD (30,3% contra 32,2%). A inversão ocorreu porque a AD aumentou nas intenções de voto (+2.5pp) e nem tanto pela descida do PS (-0.3pp). 

Agregação das intenções de voto

Apesar de, em termos descritivos, a AD ter melhorado e de o gráfico mostrar uma tendência, em termos rigorosos, não podemos garantir que há uma tendência de progresso da AD.

Evolução da vantagem da AD face ao PS

Fazendo o teste estatístico da tendência da recta da figura anterior, ainda estamos longe de termos um valor estatisticamente significativo.

                    Estimate    Std. Error     t value      Pr(>|t|)

(Intercept)  -1.8582        2.1733        -0.855       0.404

x                  0.2277        0.1736         1.312       0.206

Para ficar garantido a 95% de que há uma tendência de crescimento da AD seria necessário que o valor marcado a vermelho fosse inferior a 0.05.

Agora, posso prever o número de deputados com as 10 últimas sondagens.

O bloco PS+BE+PCP+Livre estão a lutar para ter mais deputados que o bloco AD+IL. As últimas 10 sondagens indicam, em termos descritivos, que estes dois blocos estão empatados em torno dos 92 deputados com vantagem para a direita.

Em termos probabilísticos, a AD+IL tem uma probabilidade de 86% de ganhar este combate.

Se há 2 meses as sondagens indicavam uma probabilidade muito remota de o Montenegro formar governo, agora, as coisas estão totalmente diferentes.

O Partido Comunista arrisca-se a eleger apenas um deputado.

 

Previsão de deputados baseada nas últimas 10 sondagens


O problema do bloco AD+IL é assumir que o CHEGA se vai abster.

Se o Montenegro formar governo, será errado excluir o CHEGA porque terá uma oposição muito forte, com promessas que são impossíveis de realizar como, por exemplo, a convergência das pensões mínimas ao salário mínimo.

É impossível em termos de despesa pública mas também é injusto porque quem trabalha tem custos (deslocações, alimentação fora de casa e roupa) e faz um esforço que não existem nos reformados.


Para avaliar as campanhas eleitorais vou comparar com as 10 primeiras sondagens.

Comparando as primeiras 10 sondagens com as últimas 10 sondagens, o perdedor é o BE (com -6 deputados) e há dois ganhadores, a AD (+6 deputados) e o CHEGA (+5 deputados).

A IL, está-lhe a correr mal a campanha eleitoral, talvez por se concentrar apenas na descida do IRS e do IRC. Talvez estejam com medo ou incapacidade de explicar as vantagens (e custos) do liberalismo.

Em termos relativos, quem perdeu mais nestes últimos 2 meses foi o PCP (perdeu 2/3 dos potenciais deputados) e o PAN que desaparece.

Previsão de deputados baseada nas primeiras 10 sondagens


O CHEGA é o único partido com tendência de subida estatisticamente significativa

Os comentadores querem dizer que o CHEGA está a "esvaziar" mas não é verdade. As sondagens têm oscilações mas, corrigindo essas oscilações, há uma evolução positiva ao longo da campanha eleitoral.

 Quando na primeira sondagem em Novembro o CHEGA aparece com 13.5% das intenções de voto, já se tratava de um aumento extraordinário relativamente aos 7,2% de 2022 (e 12 deputados). A média de hoje anda nos 18% e 46 deputados potenciais.

Claro que o CHEGA não vai conseguir ser o segundo partido mais votado mas nunca ninguém acreditou de que isso seria possível. Mas se se concretizar o aumento de 12 para 46 deputados com voto útil à direita, será um resultado extraordinariamente extraordinário.

Evolução das Intenções de voto no CHEGA nas últimas 20 sondagens


A estatística tem destas coisas.

As sondagens não permitem garantir que que a AD está a melhorar relativamente ao PS mas permitem afirmar que há 2 meses era mais provável o PS ganhar e que hoje é mais provável a AD ganhar.




O problema da imigração não é a imigração mas o esquerdismo pseudo-protetor dos imigrantes

Na economia produzem-se "bens transaccinável" e "bens não-transaccinável".

Um bem transaccionável pode ser produzidos num local e consumido noutro local distante. Por exemplo, um processador pode ser desenhado na Califórnia, produzido em Taiwan com wafers produzidas na China e equipamento produzido na Holanda e na Alemanha, o computador montado em Portugal e, finalmente, usado em Angola.

Um bem não-transaccionável tem de ser produzido no local ou próximo do local onde vai ser consumido. Por exemplo, para uma pessoa dormir em Paris, o alojamento tem de ser produzido em Paris.

Os bens transaccionáveis podem ser importados, por exemplo, apesar de todos termos necessidade de consumir arroz, milho, batatas, carne, peixe, frutas, legumes, um país não precisa de os produzir, podendo importá-los. Por exemplo, Singapura não  produz este tipo de bens e, mesmo assim, os singapuranos não passam fome. 

Os bens não-transaccionáveis não podem ser importados, por exemplo, todas as pessoas precisam de abrigo (de uma casa para morar) e este bem não pode ser importado, tem de ser produzido  no local em que vai se utilizado.


Há operações que têm maior valor acrescentado.

A produção de um bem obriga à execução de muitas operações sendo que umas são simples (e com baixo valor acrescentado) e outras são complexas (e com alto valor acrescentado). Por exemplo, um restaurante produz um bem não transaccioável (uma refeição em Paris) usando operações simples (limpeza, segurança, serviço de mesa) e operações complexas (cozinhar, receber os clientes, decoração). 


Para que servem os imigrantes?

Vamos supor que um "país" que tem 10 nativos. Nesse país existe um restaurante que paga 100€/dia de renda e tem 1 "chefe" que ganha 300€/dia e 9 "indiferenciado" que ganham 100€/dia cada. Com as instalações e os 10 empregados, o restaurante consegue servir 100 refeições por dia a turistas o que dá um custo de 22€/refeição para o serviço (há ainda os ingredientes das refeições que são importados).

Neste "país", cada nativo cria (300+9*100)/10 = 120€/dia de valor e ainda 100€/dia como remuneração do capital.


Vamos supor que os nativos são todos muito instruídos em culinária e há muitos turistas.

É importante assumir que todos os nativos são capazes de executar operações complexas e que há, potencialmente, mais turistas.

O restaurante vai continuar a ter o "chefe" (que ganha 300€/dia) e vai promover os 9 nativos "indiferenciados" a "sub-chefes" que passam a ganhar 200€/dia. 

Esta transformação apenas é possível se forem contratador 23 imigrantes (pagos a 100€/dia) para executar as "operações pouco complexas".

Agora, com um total de 33 trabalhadores, o restaurante passa a conseguir servir 200 refeições por dia (mantém-se o custo do serviço de 22€/refeição).


Qual a vantagem para os nativos?

Se antes, em média, os nativos produziam 120€/dia de valor, com a ajuda dos imigrantes, passam a produzir (300+9*200)/10 = 210€/dia.


Qual a vantagem para os imigrantes?

Como vêm executar operações simples, podem vir de países onde a produtividade é muito baixa, isto é, de países mais pobres.

Ao chegarem ao novo país, aproveitando-se do capital que existe nessa economia, serão mais produtivos e, desta forma, poderão ter um rendimento superior.

Se, por exemplo, no Nepal um trabalhador indiferenciado consegue ganhar 10€/dia, em Paris consegue ganhar 100€/dia e, mesmo assim, contribuir para a melhoria de vida dos nativos.


Os nativos especializam-se nas operações com maior valor acrescentado.

Os esquerdistas dizem que os imigrantes têm de ter os mesmos direitos dos nativos mas isso faz com que deixe de haver ganho para os nativos. Em consequência, ao mais pequeno dos incidentes, aparece nos nativos o ressentimento e a aversão aos imigrantes.

Apenas deixa de haver reservas à entrada de imigrantes se tal induzir um incremento no nível de vida de todos e cada um dos nativos.


O problema é que os nativos "indiferenciados" vão ter perda no nível de vida.

Se não forem desenhadas políticas de compensação, os trabalhadores menos escolarizados vão-se sentir prejudicados. Por isso é que a imigração tem maior nível de rejeição entre os nativos menos escolarizados e com menos rendimentos.


O problema dos imigrantes no Alentejo foi o "combate às máfias de tráfico de pessoas".

Os imigrantes, do Nepal, Bangladesh, Marrocos ou Timor, precisam de alguém que os ajude a arranjar alojamento, alimentação, transporte, segurança e trabalho. 

Os produtores agrícolas precisam de trabalhadores, os senhorios precisam arrendar as casas, os taxistas precisam de fazer transportes e os restaurantes precisam de vender refeições.

O problema é que a combinação das vontades de todos os agentes económicos é difícil, precisa de ser oleada, porque os imigrantes não dominam a língua nem conseguem relacionar-se com os nativos.

A vantagem da economia de mercado é que, sempre que há uma oportunidade de negócio, surgem agentes económicos disponíveis, mediante um pagamento, de fornecer o serviço. Neste caso, surgiram pessoas que ligavam as peças soltas.

Os esquerdistas lembraram-se de chamar a estas pessoas "máfia traficante de pessoas" o que levou ao desmantelamento das ligações económicas. 

Como os esquerdistas não substituíram os "traficantes de pessoas" na prestação dos serviços de ligação, no final, os imigrantes ficaram prejudicados (sem transportes e trabalho e, consequentemente, sem alojamento nem alimentação, a viver na rua como pedintes). Também ficaram prejudicados os produtores agrícolas e os consumidores (estranham o azeite e os produtos agrícolas terem aumentado de preço?).

As crianças nepalesas têm escola e podem estudar enquanto os pais tiverem trabalho nas estufas de Odemira.

O esquerdismo causou prejuízo em todas as pessoas.

Primeiro, causou prejuízo nas "máfias de tráfico de pessoas" que mais não são do que portugueses que forneciam serviços de coordenação económica.

Segundo, ficaram prejudicados os imigrantes porque ficaram sem trabalho e, consequentemente, sem rendimento.

Terceiro, ficaram prejudicados os produtores agrícolas que não têm quem trabalhe nas operações de menor valor acrescentado.

Quarto, ficaram prejudicadas as pessoas que arrendavam as casas e realizavam os transportes.

Finalmente, ficaram prejudicados os consumidores que viram os preços aumentar.


No final , quem ganhou foi o CHEGA.


No poste seguinte vou avançar com políticas capazes de tornar os imigrantes queridos por todos.


sábado, 24 de fevereiro de 2024

Sondagem 18 : Está tudo igual no reino de Portugal

Hoje (23-02-2024) foram publicadas duas sondagens.

Uma da Católica com 1284 respostas da católica e outra da TVI com 800 respostas.

Da mesma forma que o mar calmo não dá para fazer surf, sondagens sempre iguais, não dão notícias.

Com são precisas notícias, há que transformar as pequenas oscilações estatísticas que acontecem de sondagem para sondagem em grandes tendências (que estão totalmente erradas).


De onde vem a oscilação das sondagens?

Vem de duas coisas.

Primeiro, obtêm-se os "dados brutos" seleccionando uma amostra aleatória com alguns milhares de números telefónico e, depois, telefona-se a essas pessoas até terem, por exemplo, 800 respostas válidas. 

Como as pessoas são obtidas de forma aleatória, por sorte e azar, umas vezes caiem mais umas voltadas para um partido e outras vezes, mais outras voltadas para outro partido.

Segundo, a empresa de sondagens transforma os "dados brutos" em "estimativas das intenções de voto" que pondera as observações usando, por exemplo, o sexo, o local de residência, a idade, a escolaridade, sendo que estes ponderadores incluem um factor de ajustamento entre as sondagens de outras eleições  e os resultados eleitorais efectivos nessas datas.

 Apesar de haver este erro, a amostra sendo criada de forma aleatória, permite usar a "generalização estatística".


Mas vamos à tendência da AD versos o PS.

Peguei nas 18 sondagens (não considerei a famosa "sondagem brasileira") e fiz um gráfico da diferença (sem abstenção) entre a AD e o PS.

Depois, fiz um teste estatístico à tendência (a reta a preto).

Há uma pequena tendência de subida da diferença entre a AD e o PS, 0.16 pontos percentuais a cada sondagem (2.7 pp entre a primeira e a última sondagem), mas não é estatisticamente significativa.

Fig. 1 - A vantagem da AD face ao PS está com uma pequeníssima vantagem (em 18 sondagens ).


comparando as primeiras 9 com as últimas 9 sondagens, AD aumenta 1 ponto percentual (passa de 30.2% para 31.2%) e o PS mantém as intenções de voto (passa de 30.5% para 30.6%).

O teste estatístico à tendência usando WLS
AD = c(266,316,290,350,297,328,285,274,304,248,286,293,333,290,330,286,361,316)/100
PS = c(264,286,338,281,319,292,300,359,293,314,341,315,292,267,301,342,299,276)/100
w = c(604,1102,802,575,803,803,611,805,801,637,801,804,1194,504,804,805,1284,800)
difer=AD-PS
dados=data.frame(x=1:18,AD,CHEGA,PS,difer)
summary(lm(difer ~ x, data = dados,weights=w))

O print dos resultados 
Coefficients:
                   Estimate     Std. Error     t value     Pr(>|t|)
(Intercept)  -0.14270    0.23628         -0.604     0.554
x                 0.01624     0.02117         0.767       0.454

Residual standard error: 13.51 on 16 degrees of freedom
Multiple R-squared:  0.03547,   Adjusted R-squared:  -0.02481 
F-statistic: 0.5885 on 1 and 16 DF,  p-value: 0.4542

Para haver uma tendência de crescimento da AD face ao PS estatisticamente significativa a 95%, o valor  0.454 teria de ser inferior a 0.05.

Fazendo a média das sondagens.

Considero as 9 primeiras sondagens, as últimas 9 sondagens e todas as 18 sondagens, sendo a média ponderada pelo tamanho das amostras.

Está tudo completamente empatado.

Se nas primeiras 8 sondagens a AD tinha uma desvantagem de 0.5 pp, nas últimas 8 tem uma vantagem de 0.7 pp, o que não é nada atendendo à oscilação aleatória (que expliquei acima).

Resultados eleitorais (sem abstenção e com 8 partidos) compatíveis com as últimas sondagens

Agora, calcular os deputados.

Considero as 8 últimas sondagens no cálculo dos deputados esperados. Apesar de a AD subir um bocadinho, em termos centrais, ultrapassa o PS mas dentro do intervalo de erro (AD entre 77 e 84 e PS entre 75 e 82, com uma confiança de 95%). 

Previsão do número de deputados na próxima legislatura

O PCP está a afundar e vai ficar com um máximo de 2 deputados.

Um deputado será por Setúbal (onde só elege 2 deputados se tiver 10%) e o outro será por Lisboa (onde só elege 2 deputados se tiver mais de 4%). Vai perder estes deputados para o CHEGA. 

E pode ficar apenas com um deputado, por Lisboa.

O PCP está a trilhar o caminho do CDS, mas de forma ainda mais acelerada, para o desaparecimento. Mais umas eleições e desaparece de vez (a menos que o PS meta dois nas suas listas :-).

O Livre está com forte probabilidade de eleger um deputado por Lisboa mas o PAN precisa de um milagre para não desaparecer. As Pessoas comeram os Animais e, os rateres da motorizada, mandaram a Natureza pelo cano abaixo.


O Montenegro melhorou as suas perspectivas de vir a ser primeiro-ministro.

Apesar de as últimas duas sondagens não conseguirem garantir que a AD está numa tendência de subida para a vitória, em termos probabilísticos, melhoraram bastante as perspectivas do Montenegro.

Sem considerar o CHEGA (pensando que se abstém), na semana passada as hipóteses do Montenegro estava em 1 para 16, esta semana estão em 1/1, tipo, atirar a moeda ao ar e fica se sair cara.

AD > PS e

AD+IL > AD+IL > PS+BE+PCP+Livre (retirei o PAN pois pode cair para qualquer dos lados).

Digamos que Montenegro está verdadeiramente empatado mas terá uma governação muito difícil já que precisa da abstenção do CHEGA e todos os projectos legislativos o que não irá conseguir.


O Montenegro está empatado com quem?
Como o PSD+CHEGA vão ter maioria absoluta, o empate não é com o Pedro Nuno mas com o próximo que o PSD indicar.

Sim, eu prevejo um governo PSD+CHEGA liderado pelo Passos Coelho.


Espero ansioso pela próxima sondagem

Achei interessante um trabalho feito pela Faculdade de Economia do Porto.

Tira esse trabalho conclusões a partir de "ses".

"Se a taxa de crescimento do PIB fosse a partir de 2000 a mesma que entre 1960 e 2000..."

Mas se a minha avó fosse viva e tivesse rodas, seria uma trotinete.

A taxa de crescimento do PIB per capita português entre 1960 e 1973 foi de 7.3%/ano


Posso também dizer que, se a taxa de crescimento do PIB per capita português depois do 25-de-abril-de-1974 fosse a mesma que a observada entre 1960 e 1973, hoje seríamos o país mais rico do mundo.

Talvez chamar o Salazar e o Caetano da tumba para ensinar economia aos especialistas do PSD para passarmos a crescer à séria.

Se tivesse acontecido o que não aconteceu seríamos muito mais ricos que a Alemanha e não somos.


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Do que estão a falar o PS e a AD quanto ao apoio de um ao outro?

Nos últimos dias tem havido um namoro/divórcio constante entre PS e AD.

O Nuno Melo veio dizer que "deve governar quem ganhar e, por isso, a AD deve apoiar o PS se este ganhar".

Depois, engasgou-se todo e desdisse e disse que não desdisse. 

O Pedro Nuno Santos também disse que apoiava, ou melhor, não obstaculizava um governo da AD se esta ganhasse as eleições e logo dizem que desdisse.

Mas não é nada disso do que estão a falar, estão apenas a ponderar 2 cenários pós-eleitorais em que o CHEGA é excluído das contas da governabilidade.


Cenário 1 = Esquerda "manca" ganha

O PS + BE + PCP + Livre + PAN tem mais deputados do que o PSD + CDS + IL

 

Cenário 2 = A direita "manca" ganha

O PSD + CDS + IL tem mais deputados do que o PS + BE + PCP + Livre + PAN


Como o Cenário 1 é muito mais provável do que o Cenário 2 ... 
Atendendo às últimas 8 sondagens publicadas, o Cenário 1 tem mais de 90% probabilidade  e o Cenário 2 menos de 10% de se materializarem na noite do próximo dia das eleições. 

Sendo o cenário 1 muito mais provável, interessa ao Pedro Nuno Santos dizer que deixa a AD governar no caso de acontecer o cenário 2, improvável, mas quer que a AD apoiem o governo PS no caso de se materializar a cenário 1, muito provável.


Mas ainda há o Cenário 3 = a direita "inteira" ter maioria absoluta

O PSD + CHEGA terem maioria absoluta. 

Independentemente de ganhar o PS e de o PS+BE+PCP+Livre+PAN terem mais deputados que a AD+IL,  o cenário mais provável, acima de 99%, é haver uma maioria absoluta do PSD com o CHEGA.

Em termos centrais e antes da sondagem de amanhã que dizem ser extraordinária, em termos centrais, o PSD vai eleger 75 e o CHEGA vai eleger 48 deputados, o que dá 123 deputados, muito mais do que os 116 da maioria absoluta.

E para este cenário 3, quase certo, ninguém diz nada porque nem o Montenegro nem o Pedro Nuno Santos serão  o próximo primeiro-ministro.

Haverá outro do PSD que, na minha previsão, será o Pedro Passos Coelho mas aceito apostas.

Tem cromossomas XX ou XY? Aceitam-se apostas.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

O PS está errado - A reindustrialização é um erro que só nos levará à pobreza

O candidato do PS defende copiar Cavaco Silva, reindustrializando a nossa economia.

Olhando para os bens industriais que compramos, parece evidente que a grande maioria é importada da Ásia, os bens com pouca tecnologia, principalmente roupa e calçado, da Índia, Vietname e Indonésia; com tecnologia intermédia, exemplo, televisores e trotinetes, da China e; com tecnologia elevada, como computadores, de Taiwan e Coreia do Sul.

Sendo assim, mais não se pode concluir do que, para sermos mais ricos, temos de incentivar as industrias capazes de produzir os bens que importamos, especialmente, os de elevada tecnologia.

Como o PS tem sempre na sua mente que o Estado deve decidir o caminho que a economia tem de tomar, tornando tudo o que não presta, como a TAP ou os comboios, em "estratégico", o candidato Pedro Nuno Santos quer dar subsídios chorudos a industrias que ele ache "estratégicas".


Nós já vimos muito disso na Europa.

Os USA têm mais do dobro da área da União Europeia. 

A riqueza da União Europeia é 64% da dos USA.

Há alguma razão para a Europa Ocidental ser mais pobre que os USA?

Há a razão dos projectos estratégicos.

A Europa ocidental acha estratégico ter 4000 km de "comboio de alta velocidade" que só dão prejuízo e, não contente, planeia vir a ter 7000 km, umas centenas em Portugal.

Por oposição, os USA têm ZERO, NICLES, BATATA, BOLA quilómetros de "comboio de alta velocidade".

Na UE só se fala de "hidrogénio verde", coisa totalmente ausente da boca dos decisores políticos dos USA.


Vou falar no exemplo dos computadores.

O processador com maior desempenho que existe é o "AMD Ryzen Threadripper PRO 7995WX" que tem um preço recomendado nos USA de 9200€, 10000USD (a PcComponentes está a pedir 18226,60€).

Este processador é fabricado pela TSMC, a empresa de Taiwan que é líder mundial em termos tecnológicos de produção de processadores. o "núcleo" é um chip de 71 mm2  no "Node 5nm" e "Input-Output" são 12 chips com um total de 388 mm2 no "Node 6nm".

A Europa Ocidental não tem capacidade para produzir este processador, apenas tendo capacidade quando a fábrica da Intel na Irlanda estiver operacional (tecnologia americana).

Sendo que é a TSMC que fabrica o processador em Taiwan, pensarão os socialistas que são os trabalhadores desta empresa que criam valor, que, quando alguém compra um processador está a remunerar o trabalho dos taiwaneses.

Mas estão completamente errados, o dinheiro vai em grande parte para os US, para os trabalhadores que desenharam o chip (a AMD é uma empresa que desenha processadores mas que não os produz).

18226,60€ na palma da mão

Quanto pagará a AMD por cada processador feito em Taiwan?

É informação confidencial mas posso calcular uma estimativa.

A TSMC está a cobrar por uma bolacha de 300 mm 11762€ no "Node 5 nm" e 10450€ no "Node 6 nm" (com uma densidade de defeitos de 0.1 por cm2). Então, uma bolacha dá para produzir 820 chips do "núcleo", ficando cada um em 14,50€ e 1900 chips de "Input-output", ficando cada um em 5,50€.

Os 13 chips vão custar 14,50€+12x5,50€ = 80€.

Temos depois o empacotamento, juntar os 13 chips e fazer as ligações, com muita margem, vou aceitar outros 80€.

Traduz isto que fazer o processador mais avançado da actualidade, o "AMD Ryzen Threadripper PRO 7995WX", com tecnologia de ponta, usando trabalhadores altamente especializados e escravos do trabalho, o processador desenhado nos USA é comprado pela AMD em Taiwan por uns míseros 160€ e, depois, vendido em Portugal por 18226,60€.

O custo industrial de produção é menos de 1% do preço de venda.

 

Não precisamos de produzi mas de desenhar.

A produção industrial "cria" apenas 1% do valor acrescentado do Chip, sendo o desenho que cria a maior parte do valor acrescentado (e o IVA :-).

Os trabalhos que criam vais valor acrescentados são nos serviços (de que o desenho de processadores é um exemplo).

Apesar de se dizer que no turismo (que são serviços) os salários são baixos, temos de corrigir pela "competência profissional", isto é, a maior-parte dos actuais trabalhadores do turismo têm pouca competência (não seriam nunca capazes de desenhar chips sofisticados) mas suficientes para fazer camas, lavar e arrumar os hosteis, servir às mesas. Seriam muito menos produtivos na agricultura, pescas ou industria mesmo que esta fosse de alta tecnologia (seria preciso importar estrangeiros).


Os telemóveis são produzidos na China mas os processadores Snapdragon são desenhados nos USA pela Qualcomm.

Os equipamentos são produzidos na China e em Taiwan mas os processadores são desenhados nos USA.

E é nos USA que está o valor acrescentado e, por isso, é que são muito mais ricos do que os europeus.


segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Saiu a 16.ª sondagem e, cada vez mais, estamos no empate.

Já foram publicadas 16 sondagens mas os comentários na comunicação social continuam fracos.

As nossas universidades, os professores, interpretam o conceito de probabilidade de forma muito restritiva e limitada. 

Como as nossas universidades são instituições destruidora das novas ideias (só quem diz amém e lambe botas é que progride), esta visão estreita perdura ao longo da décadas, acabando transmitida aos alunos que, depois de entrarem na vida activa, não são capazes de criar conhecimento a partir da informação disponível nas sondagens.

Todos que fomos avaliados numa universidade sabemos que a "verdade" é imposta pela autoridade e não pela razão,  que quem não responder como a autoridade disse ser a "verdade", terá a resposta classificada como errada.


Para que serve a estatística?

A estatística surgiu para descrever problemas naturais que têm "muitos graus de liberdade", isto é, muitos números mas cada número individual contém pouca informação.

Quando um vendedor de "bandeiras do FCP" decide a quantidade de bandeiras que vai levar para a sua banca à porta do Estádio do Dragão, a sua decisão não está dependente do conhecimento aprofundado de um um adepto particular mas da "massa", das centenas de milhar de adeptos do FCP que vão estar presentes no jogo do dia seguinte.

Cada adepto tem muito pouca informação, não sendo possível adivinhar se o adepto vai comprar uma bandeira mas, a "massa" com centenas de milhares de adeptos no seu conjunto mesmo tratada de forma "grosseira", já contém informação que permite ao vendedor prever uma quantidade óptima de bandeiras.

Com os dados dos jogos anteriores, o vendedor consegue prever, em função de algumas variáveis (temperatura, se vai chove,  lugar na classificação, número de jogos já realizados) quantas bandeiras vai, a média e o desvio, vender.

Com os dados tratados no conjunto, apesar de forma grosseira, o vendedor passa a ser capaz de calcular o lucro médio em função do número de bandeiras que vai levar (e a variabilidade do lucro) e, desta forma, determinar o número óptimo de bandeiras.


Onde está o problema das estatística das nossas universidades?

Assumem que as vendas vão ser um valor concreto e, por isso, não podemos avançar com um número partindo das observações do passado.

Quem estudou estatística, no estudo da significância de um parâmetro, vai-se recordar que "O parâmetro é um valor concreto e, por isso, nada mais podemos dizer do que H0: é zero ou H1: é diferente de zero".

No caso das sondagens, o resultado eleitoral (o número de deputados) vai ser um número concreto e, por isso, não podemos dizer a partir das sondagens qual vai ser esse número. 

Sendo assim, os estatísticos das nossas universidades e, consequentemente, os comentadores, ficam-se pela análise à Lapalice ("O PS tem 25% de intenções de voto e a AD de 23% de voto pelo que o PS está à frente nas intenções de voto" :-).


Mas as sondagens têm informação e, por isso, permitem obter conhecimento.

Vamos supor que um país desconhecido, o Baristão, vai a eleições e há dois partidos, o AB e o CD.

Se nada nos for dito, o melhor que podemos dizer é que "a probabilidade de ganhar o AB é de 50%".

Mas se nos for disponibilizada uma sondagem com 1500 respostas, recolhida de forma aleatória, em que o partido AB obteve 25% das intenções de voto, posso afirmar que a probabilidade do AB ganhar é inferior a 50%.

A última máxima dos comentadores é que as sondagens falham mas o que falha são os seus comentários.

Não me vou alongar mais neste ponto pois o estimado leitor já deve estar aborrecido.


Como estão as perspectivas para o dia 10 de Março.

Primeiro, cada sondagem que aparece torna mais claro que o PS e a AD estão empatados mas com uma muito ligeira vantagem para o PS.

Além de haver empate, não existe tendência da AD aumentar nem diminuir, está tudo estacionário, parado, flat.

Fig. 1 - Evolução da "vantagem" da AD relativamente ao PS (16 sondagens publicadas)


Para quem percebe de inferência estatística,  apresento o teste estatístico WLS:

                   Estimate     Std. Error      t value    Pr(>|t|)

(Intercept)  -0.5031      2.3290           -0.216     0.832    Não significativo

x                 0.0194       0.2392           0.081      0.937    Não significativo


Vamos aos resultados.

O que vou afirmar a partir deste ponto é totalmente impossível de ser afirmado pelo estatísticos das nossas universidades. Ficam como o "burro no meio da ponto" dizendo que não posso dizer isto nem o seu contrário.


No sentido de provar que não falham, vou apresentar o intervalo de confiança de 99% e de 95% e garanto que os resultados eleitorais vão cair nestes intervalos de confiança.

Com 99% de confiança, o PS + BE + PCP + Livre vai ficar com uma máximo de 100 deputados e o PSD+CHEGA com um mínimo de 118 deputados (maioria absoluta).

Fig. 2 - Resultados eleitorais que vamos observar na noite de 10 de Março de 2024


E como estamos de probabilidades?

O PCP está a caminhar rapidamente para se reduzir a apenas 2 deputados por Lisboa.

O Livre está na "moeda ao ar" tanto pode eleger como não o rui Tavares por Lisboa.

O PAN está totalmente condenado ao fracasso (tem 5% de probabilidade de reeleger Sousa Real).

As possibilidades do Montenegro aumentaram ligeiramente por causa da descida do BE+PCP+Livre. Neste momento está com uma probabilidade de 1 para 16 de chegar a primeiro-ministro (contando com a abstenção do CHEGA que pode não acontecer) o que é muito poucochinho.

Fig.3 - Não é por os estatísticos dizerem que não posso engravidar que não vou continuar a tentar.


Para confirmação, aqui vão as sondagens que eu tenho.





sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Saiu a 15 sondagem e tudo na mesma

Penso que a decisão dos eleitores já está tomada.

Os partidos que tinham de subir já subiram e os que tinham de descer já desceram.

Agora, é esperar pelo dia 10 de Março e confirmar as sondagens.


No fundo as sondagens nunca falham.

A previsão da percentagem de votos nas eleições com base nas sondagens é uma variável aleatória que pode assumir qualquer valor entre 0% e 100%. Relativamente ao número de deputados, um partido pode ter entre 0 deputados e 230 deputados.

A sondagem contém informação pelo que podemos ter mais confiança nuns resultados do que noutros. Em particular, posso calcular o valor central (a média) e o intervalo de resultados possíveis onde vai cair o valor real com 95% de confiança.

Sendo assim, sendo a previsão de que a AD vai ter entre 72 e 80 deputados não é impossível que, na noite do 10 de Março, possa ter 50 ou 120 deputados, apenas é muito pouco provável.

Digamos que não apostava dinheiro que a AD vá ter maioria absoluta mas não meto a minha cabeça no cepo por isso.


Vamos aos resultados de hoje.

Já tenho 15 sondagens que somam 11650 respostas mas vou considerar apenas as últimas 8 sondagens que somam 6350 respostas (e comparar com as primeiras 7 sondagens).


Para mostrar que a AD não está nada em grande dinâmica, apresento o gráfico da evolução da distância entre a AD e o PS.

É verdade que as últimas 3 sondagens mostram a AD à frente do PS mas, no quadro geral, o PS aparece à frente em 7 e a AD em 7, tudo empatado (a média das 15 sondagens dá 30,2% para a AD e o 30.5% para o PS, mais empatado não podia estar).  

Evolução da diferença nas tendências de voto AD-PS nas últimas 15 sondagens publicadas.

Parece-me é que os partidos mais pequenos se estão a afundar, com os votos a concentrarem-se no PS+AD+CHEGA. 

Evolução nas tendências de voto nos 5 partidos mais pequenos.

É o voto útil a funcionar. Tirando Lisboa e Porto onde os pequenos partidos podem eleger um deputados (precisam de 2.1% e 2.5%, respectivamente), o BE só tem hipóteses em Setúbal e a IL em Aveiro. 

Lista dos 6 maiores círculos eleitorais


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