terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

A Fabrióleo e a constante litigânica

Foi emitida uma ordem de encerramento contra a Fabrióleo. 

Que, no meu entender, resulta de culpas próprias.
Há pessoas que são "líderes fortes", assumem o confronto, a litigância, a colisão inflamada e a mentira como estratégia de vida e há outras pessoas que são "cordeiros", vulneráveis, vergadas ao "deixa andar que pouco me aflige" e que permitem que esses truculentos obtenham poder, seja nos negócios, no desporto ou mesmo na família. 
Porque é que as mulheres gritam tanto? 
Porque é que o Bruno de Carvalho é tão grosseiro?
Os autarcas, os inspectores, a tutela têm feito o papel de cordeiros porque estas empresas "criam postos de trabalho e riqueza em regiões deprimidas" (e a poluição vai para outros concelhos) mas agora a coisa vai mudar porque os decisores políticos estão pressionados pela "ecological awareness" das populações.

São tudo estratégias de manipulação e imposição de domínio.

Vejamos o caso da Fabrióleo (e da Celtejo).
É um contra-senso mas esta empresa, que até se dedica a uma actividade "amiga do ambiente" (reciclagem de óleos alimentares usados), tem causado graves problemas de poluição no Rio Tejo.
Bem sei que os seus responsáveis negam e negam e negam mesmo havendo cheiro pestilento num raio de quilómetros e a ribeira da proximidade estar cheia de borras de óleo. 
O que me parece é que os seus responsáveis, em vez de resolver o problema ambiental, gastam as suas energias a negar o evidente, a combater em tribunal os resultados das inspecções e a perseguir os denunciantes.
E até lhes foi dado prazo, e até gastaram dinheiro numa ETAR e até fizeram um protocolo com a Universidade Nova de Lisboa para serem feitos "rigorosos testes e pesquisas" mas é tudo fachada, o problema não tem solução porque têm na mente a ideia de que, pela calada da noite, não havendo um inspector a olhar, não tem mal nenhum descarregar.
É como os ladrões que têm a ideia que "Todos roubam e roubar para comer não é pecado". 

Fiz um teste de sedimentação.
Peguei em farinha de trigo e misturei 2g num litro de água (o efluente do processo industrial da Celtejo começa por ter 35 g/litro e, na descarga, só pode ter 0,035g/litro).
Observa-se que, ao fim de 1 hora, a maior parte da farinha já sedimentou mas que, depois, a sedimentação é muito lenta, ao fim de 24 horas, continua em suspensão uma parte da farinha.
Se quisesse tratar 15 mil m3/dia desta água com 1g de farinha por litro, começaria com um tanque primário com 625 m3 que garantiria um tempo de residência de uma hora (com alguma segurança, usaria um tanque com 25 m de diâmetro) e que reduziria a carga em 99% (medido a olho).
No retirar do 1% final é que está o problema.
E é por isso que a Fabrióleio (e a Celtejo) vai encerrar: não se preocupa com o 1%.

Teste de sedimentação com farinha de trigo (2g/litro)

Existe solução técnica.
O problema é que, mesmo que os gestores destas empresas mudem a sua forma de pensar porque "viram a luz", já ninguém acredita neles.
A única hipótese de salvação é copiarem o que fazem os restaurantes falhados: mudar de gerência.
Talvez meter o Sr. Arlindo Marques como responsável pela ETAR com poder absoluto para mandar parar a laboração da fábrica.

Abre com nova gerência, mais preocupada com a poluição.

2 comentários:

Anónimo disse...

Admira-me a elevada poluição provocada por uma fábrica de óleos vegetais.

Comecei a trabalhar em 77 numa fábrica de óleos, a Alco na Ponte da Pedra, Maia.

Os resíduos mais poluentes eram as oleaginosas, umas borras horrorosas, pastosas; que se fossem lançadas para o rio Leça seria mesmo um gravíssimo atentado ambiental.

Mas isso não acontecia. Essas oleaginosas eram tratadas com ácido sulfúrico e vendidas -principalmente exportadas para a Suissa e Polónia-, para a indústria de fabricação de sabões.

Daí que só utilizando uma tecnologia muito primitiva ou não vendendo as oleaginosas, uma fábrica de refinação de óleos vegetais, possa poluir em grave escala.

Manuel Silva

Económico-Financeiro disse...

Estimado Anónimo,
É estranho mas é um facto que a ribeira da Boa Água (que passa na Fabrioleo) está cheia dessas borras.
Penso que as autoridades locais, ao longo dos anos, desvalorizaram a situação (por causa dos 80 postos de trabalho) e isso criou nos responsáveis pela empresa a convicção de que estavam acima de tudo.
Falharam e agora é tarde.

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